Prestes a completar dois anos, o programa Família Acolhedora inicia, em 20 de fevereiro, a seleção de famílias interessadas em acolher crianças afastadas do convívio familiar por ordem judicial, por viverem situações de risco. A iniciativa, regida por lei municipal e gerida pela associação beneficente Missão Sal da Terra, busca diminuir a estadia de menores em abrigos, encaminhando-os provisoriamente para famílias acolhedoras, que propiciam um ambiente mais favorável a seu pleno desenvolvimento.
Desde março de 2015, quando foi instituído, o programa Família Acolhedora mediou o acolhimento de 15 crianças em Uberlândia. O programa integra uma das frentes sociais da Missão Sal da Terra. “Até o momento, temos seis crianças sob guarda provisória, mas podemos encaminhar ao acolhimento até 10 crianças ao mesmo tempo”, afirmou a coordenadora de projetos sociais da Missão Sal da Terra, Sara Vargas.
A família que tiver interesse em acolher crianças na primeira infância, com zero a seis anos, deve entrar em contato com a equipe do Família Acolhedora para receber informações sobre o programa e iniciar cadastro, avaliação e preparação. “No estudo psicossocial da família, são observados os aspectos civis, psicológicos e sociais, para garantirmos que a criança não será novamente exposta a vulnerabilidades, pois não podemos repetir um ciclo de violência, abandono e negligência”, disse a assistente social da Missão Sal da Terra, Marielle Vieira.
Após o estudo, a família é convidada a participar de um curso de formação, que consiste em cinco encontros, com início em março. “Trabalhamos aspectos, como histórico das crianças, desenvolvimento infantil, lei do acolhimento familiar, importância do vínculo e do adeus, um dos maiores desafios do programa, já que a guarda concedida às famílias acolhedoras é provisória”, afirmou a psicóloga da Missão Sal da Terra, Thais Ferreira.
Papel Social
A garantia dos direitos da criança, enquanto estiver impossibilitada de permanecer com a família de origem ou de ser adotada, é o maior propósito do Família Acolhedora. “A convivência familiar na primeira infância é fundamental para propiciar o desenvolvimento biológico, psíquico e emocional do indivíduo, por meio da atenção individualizada e da inserção da criança em sociedade, por meio do convívio familiar e comunitário”, disse a psicóloga Thaís Ferreira.
“Atualmente, o acolhimento institucional é visto como último recurso para crianças resgatadas de situações de risco, pois restringe experiências sociais fora dos abrigos. Com a família acolhedora, percebemos que as crianças visitam parentes, vão à escola, à igreja, ao supermercado, ao parque, exploram mundo afora”, afirma Marielle Vieira.
Família acolhedora
Chefe de uma família de três filhos, a diarista Cidenir Augustavo tomou uma decisão que mudaria os dias de todos: acolheu uma menina de três anos, resgatada de uma situação de negligência crônica. “Vi na TV sobre o projeto e liguei na mesma hora. Sempre quis adotar uma criança, mas meu antigo companheiro nao concordava. Agora, que estou por minha conta, encontrei o Família Acolhedora, que me deu a oportunidade de ajudar uma criança no momento mais difícil da vida. Quem ganha mais somos nós”, disse “Cida”.
Apesar do orçamento apertado, ela pretende acolher outras crianças quando for regularizada a situação da pequena Rafaela* e de sua irmã mais nova, que sofre com várias deficiências. “Todos da família se envolveram e estão empenhados em contribuir para o futuro da Rafaela*. Estou muito orgulhosa”, afirmou a diarista. Como a ajuda de custo oferecida pelo município de Uberlândia às famílias acolhedoras, de R$ 500, ainda é uma das menores do Brasil, a ajuda também vem de amigos e familiares, que doam alimentos e roupas para o cuidado com a criança.
* Nome fictício
SERVIÇO
A seleção de famílias acolhedoras começa no dia 20 de fevereiro. Para agendar uma visita, entre em contato com a equipe do programa Família Acolhedora da Missão Sal da Terra, por meio do telefone (34) 3226 9317. Para mais informações, acesse: http://www.missaosaldaterra.org.br/
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